quinta-feira, 6 de maio de 2010

PdC Maio 2010




O Concílio Vaticano II nos fala da comum dignidade do povo de Deus, ao recordar que todos os fieis são membros de um único corpo (cf. Rom 12,4-5). “Comum a dignidade dos membros pela regeneração em Cristo (...). Não há, pois, em Cristo e na Igreja, nenhuma desigualdade em vista de raça ou nação, condição social ou sexo (...). E ainda que alguns por vontade de Cristo sejam constituídos mestres, dispensadores dos mistérios e pastores em benefício dos demais, reina, contudo entre todos verdadeira igualdade quanto à dignidade e ação comum a todos os fieis na edificação do Corpo de Cristo” (LG, 32).


Este texto do Concílio reflete uma eclesiologia que tem suas raízes da vida da Santíssima Trindade. Portanto, trata-se de eclesiologia de comunhão, de modo que o relacionamento entre todos os membros da comunidade cristã precisa estar alicerçado no amor recíproco, na consciência de todos serem irmãos, filhos do mesmo Pai e criados como dom para os demais.


É neste contexto que se entende a afirmação do Papa Paulo VI de que vivemos o momento em que mais que a santidade de um indivíduo temos necessidade de uma santidade de povo, que revela a presença do Santo no meio de nós. As relações do Pai e do Filho, na Trindade, são de dom e de acolhida recíprocas e o vínculo desta comunhão é o Espírito Santo. É deste modo que a Igreja é chamada a revelar a beleza da diversidade, caracterizada pelas figuras de Maria e de Pedro, na mais perfeita comunhão e distinção.


O Documento de Aparecida afirma que “a Igreja cresce, não por proselitismo, mas por atração” (cf. n. 159). Deste modo, o primeiro e principal anúncio a que somos chamados, em nosso tempo, é o mandato missionário que encontramos no Evangelho de João: “Nisso conhecerão todos que os sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” ( Jo 13,35).


Ao afirmar que não deveríamos chamar a ninguém de Mestre, e de tratar-nos todos como irmãos (cf. Mt 23,8), certamente, Jesus desejava destacar essa colaboração recíproca entre todas as vocações presentes em nossa comunidade cristã, especialmente entre sacerdotes e leigos, guiados por Ele mesmo, presente no meio de nós.


Neste sentido, também os sacerdotes que tem a missão específica de ensinar, precisam se exercitar constantemente na prática da escuta atenta e profunda dos leigos como, seguramente, fez o Apóstolo João diante de Maria, a mãe de Jesus, que ele acolheu em sua casa.


Na carta encíclica Mulieris dignitatem o Papa João Paulo II cita von Balthasar dizendo que Maria é “Rainha dos Apóstolos”, mesmo sem reivindicar poderes apostólicos para si. Ela possui algo diferente e algo a mais.


Com este número de Perspectivas de Comunhão, em plena sintonia com o Ano Sacerdotal que estamos vivendo, desejamos aprofundar nossa reflexão sobre o sacerdócio ministerial, mas na profunda comunhão com o sacerdócio batismal, que tem na Virgem Maria o seu modelo mais eminente.

Padre Antonio Capelesso - Editorial "Perspectivas de Comunhão" - Ano XIX n. 4 - Maio de 2010

PdC Abril 2010



Vivemos um momento em que a humanidade, mais que nunca anseia pela comunhão, pela unidade de todo o gênero humano. Por isso mesmo, as divi-sões aparecem mais claramente como chagas a serem curadas. Diante deste anseio coletivo todos nos senti-mos interpelados a fazer algo para sanar as feridas no relacionamento entre casais, entre pais e filhos, para aproximar e harmonizar a relação entre pastorais e mo-vimentos e a inteira vida eclesial e social.
Na busca da cura dos corações, nosso pensa-mento se volta para o amor de Cristo que, com tanta ternura se aproximou de todas as pessoas, como médi-co dos corpos e das almas. Sabendo de nossas necessi-dades, Ele prometeu permanecer sempre conosco.
Podemos encontrá-Lo em tantos lugares. Hoje desejamos recordar a sua presença na Eucaristia. E como não recordar o carinho de nossas mães que se-gurando nossa pequena mão nos conduziram até perto do sacrário, nos fazendo entender que, aquela luzinha ao lado, indicava a presença do Senhor.
É inconcebível
“Vou à Igreja ao amanhecer, e ali te encontro. Entro por acaso, ou por costume, ou por respeito, e ali te encontro. E cada vez, tu me dizes uma palavra, retii cas um sentimento, vais compondo com notas di-versas, um canto único, que o meu coração sabe de cor, e me repete uma palavra só: eterno amor” (Chiara Lubich).
Contudo, para que a Eucaristia produza tudo o que Jesus deseja em nós e na comunidade, são necessá-rias algumas condições, à semelhança da semente que não é lançada ao solo senão depois de cultivado, aduba-do, contando com a umidade e a luz do sol necessárias.
Neste número apresentamos a rel exão de Chiara Lubich que, aprofundando o pensamento dos padres da Igreja nos apresenta quais são essas condições para que a Eucaristia realize em nós o milagre da vida e da plena comunhão com Deus e com os irmãos.Em sintonia com o XVI Congresso Eucarísti-co nacional que acontecerá em Brasília, de 13 a 16 de maio próximo, apresentamos neste número de Perspec-tivas de Comunhão vários artigos sobre a Eucaristia, entre os quais o de Dom Luciano Mendes de Almeida por ocasião do XV Congresso Eucarístico nacional que aconteceu em Florianópolis, Santa Catarina.

Como Maria viveu a Eucaristia?
Todos nós sabemos que Maria foi o primeiro sacrário, ao levar em seu seio o Redentor da humani-dade que, no encontro com a prima Izabel já sanfi cou João Batista que ela aguardava.
Neste sentido, PdC traz novamente a refl exão de Hubertus Blaumeiser apresentada por ocasião do Congresso Mariano promovido pelo Movimento dos focolares em Castelgandolfo, Roma.



Padre Antonio Capelesso - Editorial "Perspectivas de Comunhão" - Ano XIX - n. 3 - Abril de 2010.



PdC Março de 2010




Neste ano o Movimento dos focolares está aprofundando a realidade de “Deus Amor”, o primeiro ponto desta espiritualidade. Em sintonia com com essa temática iniciamos este número de Perspectivas de Comunhão com uma refexão de Chiara Lubich sobre o “popo”, ou seja, sobre o modo característico de encarnar concretamente a espiritualidade da unidade.


A palavra popo, no dialeto trentino signifca criança. Trata-se do modo característico de as pessoas viverem a realidade da criança evangélica segundo a espiritualidade dos focolares que, por acreditarem plenamente no amor de Deus, a Ele se confam incondicionalmente. A descoberta pessoal do amor de Deus nos leva a escolhê-Lo como tudo de nossa vida.


Essa escolha, segundo Pasquale Foresi, necessita ser renovada e purifcada constantemente. Neste sentido ele nos apresenta a necessidade de uma segunda e mais profunda escolha de Deus.


Michel Vandeleene nos mostra, através de seu artigo, que o relacionamento interpessoal, ao contrário do que era preconizado pelas espiritualidades predominantemente pessoais individuais, não é obstáculo, mas caminho para a comunhão com Deus. Concluímos este número com o testemunho de dois seminaristas que se empenham por encarnar a espiritualidade da unidade na vida concreta do seminário em que vivem.
Padre Antonio Capelesso - Editorial - "Perspectivas de Comunhão" - Ano XIX n.02 - Março de 2010.

Revista Perspectivas de Comunhão



Como sabemos, o Concílio Vaticano II assinalou a passagem de uma espiritualidade eminentemente pessoal-individual para uma espiritualidade comunitária. Durante séculos, também na formação presbiteral, como em toda a vida espiritual, priorizou-se apenas a relação vertical: “eu e meu relacionamento com Deus”, sem acentuar suficientemente a dimensão comunitária da vida cristã. Contudo, para que esta mudança se concretize em nossa vida cristã, gerando um novo tipo de relacionamentos entre nós, em que o irmão não é visto como um empecilho, mas como caminho para a comunhão com Deus, é necessário percorrer uma longa estrada.
É importante destacar com alegria, que o mesmo Espírito de Deus que falou pelo Concílio doou à sua Igreja novos carismas, nos quais já podemos encontrar uma concretização da espiritualidade de comunhão que responde às necessidades de nosso tempo. A Igreja é chamada a ser entre os homens o sinal e a concretização da unidade e dos relacionamentos vividos no seio da Santíssima Trindade. Nesta Igreja não se entende mais o padre senão como o homem do diálogo e a pessoa capaz de relacionamentos autênticos, que geram a vida de família e a autêntica comunhão. Além disso, o Magistério da Igreja a' rma que o ministério presbiteral só tem sentido como obra comunitária, como expressão de autêntica vida de presbitério, em plena comunhão com o respectivo bispo.
Os artigos que apresentaremos a seguir desejam contribuir para que nossos relacionamentos interpessoais, em conformidade com nossa realidade ontológica de imagem e semelhança de Deus, nos ajudem a fazer da Igreja a “Casa e a Escola de comunhão” (cf. NMI 43).



Padre Antonio Capelesso - Editorial Revista "Perspectivas de Comunhão" JanFev - 2010.