quarta-feira, 2 de maio de 2012

PdC - Maio 2012

Editorial
Antonio Capelesso

Desde a eternidade estamos na mente de Deus, no Verbo, pois “fomos criados em Cristo, em vista das boas obras que somos chamados a praticar” (cf. Ef 2,10). Neste sentido, somos chamados a repetir Cristo, Palavra do Pai, com a personalidade característica que Deus nos deu. São Paulo já apresenta essa experiência quando afirma que já não é ele quem vive, mas Cristo nele (cf. Gal 2,20). É deste modo que Deus será tudo em todos, a realização da oração sacerdotal de Jesus: “eu em ti, tu em mim, eles em
nós” (cf. Jo 17, 20).

Revestir-se da Palavra
No Movimento dos focolares fala-se de Maria como a toda revestida da Palavra. Pessoalmente, por um período não gostava muito desta afirmação que para mim soava como um revestir-se exterior, como o retirar e colocar uma roupa. Por ocasião de um recente encontro entendi que esse revestir-nos da Palavra é algo que inicia no mais profundo de nosso coração, um movimento que, pela nossa colaboração à ação de Deus, vem de dentro para fora.Deste modo, à medida em que, com a vida, vamos dando nosso sim a Deus, como fez Maria, também em nós Cristo é gerado espiritualmente, pela ação do Espírito Santo.
A Palavra plenamente revelada
Como nos diz a Escritura, Jesus, durante toda sua vida, mas particularmente na sua paixão, não se apegou ao seu ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo. É por isso que Deus o exaltou através da ressurreição (cf. Fl 2,6-9).
Para viver a Palavra de vida também nós precisamos nos esvaziar de nós mesmos, de todo egoísmo, para nos tornar um “nada de amor” que acolhe e celebra a vida que vem de Deus. Esta é a lei do grão de trigo, que precisa morrer, na terra, para dar vida a uma nova planta. É a lei do fogo que, para proporcionar calor e luz, precisa ter algo para queimar.
A lei do amor
Toda Palavra de Deus tem um aspecto negativo e outro positivo, como são os dois polos da energia elétrica. Por exemplo, a Palavra “felizes os pobres de espírito”, é o aspecto negativo, porque supõe todo desapego de nossos bens, e de nós mesmos. Na medida em que esse aspecto negativo, for vivido o aspecto positivo da promessa de Deus também se realiza: “porque deles é o Reino dos céus” (cf. Mt 5,3).
Chiara Lubich e suas primeiras companheiras, depois de um período de empenho por acolher e encarnar a Palavra de vida, descobriram que os efeitos dessa vivência eram praticamente os mesmos, não importando a frase completa da Escritura vivida naquele período. A partir disso, entenderam que todas as Palavras da Escritura estão permeadas por essa lei da vida que é o amor verdadeiro, o qual supõe um aspecto de morte e outro de vida e ressurreição.
Nova evangelização
Dando início a um novo mês, temos a ocasião de acolher uma nova Palavra de vida e de empenhar-nos para vivê-la, queimando, assim, nosso “homem velho”, para que a Palavra resplandeça em nós. Deste modo estaremos dando prosseguimento a esse empenho de evangelizar-nos a nós mesmos, condição para podermos nos colocar a serviço da nova evangelização.
Neste número de PdC temos a alegria de apresentar os dez princípios da nova evangelização, tema apresentado por Chiara aos bispos amigos do Movimento em 2002, bem como uma breve reflexão sobre o Movimento Paroquial e o artigo de Graziella de Luca, que nos fala do amor como alma da nova evangelização.

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